Jogos de interpretação são um hobby comercializado nos Estados Unidos a partir da década de 1970, mas que teve seu desenvolvimento em meio a acadêmicos de História e Engenharia anos antes e alcançou o Brasil e outros países do mundo apenas em meados dos anos 1980. São sumariamente uma atividade lúdica com regras delimitadas, como são quaisquer jogos, onde cada jogador envolvido é responsável por participar na contação de uma história. O número e o papel desempenhado por cada jogador podem variar enormemente de acordo com a proposta do jogo, mas usualmente se considera que haverá um jogador central que atuará como um juiz das regras e da história. Este receberá o nome de Mestre. Ao Mestre é destinada a tarefa de conhecer a maior quantidade possível de regras e de propor o cenário onde serão contadas as histórias a partir de um evento condutor também apresentado por ele.
Esses outros jogadores, por sua vez, usualmente ficam responsáveis por criar personagens e interpretá-los (daí a proximidade com a atuação teatral supracitada). Os personagens são produtos das regras e da história a ser contada. Embora sejam individuais, o costume é que os outros jogadores do grupo aceitem sua importância e que o mestre o aprove. A cada personagem jogador, termo também cunhado por vários livros de regras, é dado um antecedente até o momento em que se começará a jogar e interpretar de fato. Esse antecedente, construído com parcimônia e coerência pelo jogador que irá interpretá-lo, é visto como a ferramenta que determinará sua personalidade, suas habilidades e limitações, suas posses e, inclusive, sua aparência. Sempre de acordo com as flexibilidades das regras e a capacidade imaginativa e criativa do jogador ou necessidade do grupo e da história. Dessa maneira, enquanto o mestre apresenta um fio narrativo inicial em comum, cada um dos outros jogadores com personagens irá interagir entre si e com esse fio, levando a história contada pelo grupo até uma direção ainda não desvendada por nenhum dos jogadores na mesa (nem mesmo pelo mestre, que traçou planos, mas terá que se adaptar a cada ação emanada pelos outros jogadores e ao resultado obtidos nos dados). E a narrativa, que em terminologia de jogo costuma ser chamada de aventura ou crônica irá seguir por uma ou várias sessões de jogo, independente de ter sempre os mesmos jogadores e personagens, até que o grupo e/ou o mestre acreditem que ela pode ser finalizada.
Essa é a toada do “Encantados do Rio Pardo”, um jogo de interpretação (RPG), com regras acessíveis e temas fantásticos, sobre nossa percepção, consciência e relação com a água. Foi pensado, pesquisado, escrito, revisado e editado tendo em vista toda a cultura e alma das regiões no entorno do amado rio Pardo.
Esse projeto, de iniciativa da Associação Cultural e Ecológica Pau Brasil, foi apresentado em 2020, para financiamento do Fundo Estadual de Recursos Hídricos, por meio do Comitê da Bacia Hidrográfica do Pardo, que todo ano abre o pleito de projetos para financiamento do Fundo com a temática em recursos hídricos. Contemplada com o financiamento em 2022, foi iniciado o processo de pesquisa e criação do jogo por uma equipe técnica composta pelo autor do jogo Eli dos Santos e pela educadora ambiental Edna Costa que juntos produziram um belo trabalho.
O livro de regras já está pronto e em breve será lançado o jogo. Também serão realizadas oficinas de aplicação do jogo na educação ambiental e sessões do jogo com distribuição gratuita. Aguardem!
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